sábado, 16 de junho de 2012

Laços eternos

LAÇOS ETERNOS
*Milton Medran
E como é Dia dos Namorados, vale perguntar: será mesmo que existem as tais almas gêmeas? Metades de uma mesma maçã, jogadas no espaço para buscarem uma à outra?
Cara-metade, par ideal, tampa da panela, o outro pé do par de chinelos...Assim a cultura popular tem designado essa figura dos eternos apaixonados. Casais parecendo feitos um para o outro. Muitos deles convivem uma existência inteira. Eternos apaixonados, como nos versos de Guilherme de Almeida: Quando as folhas caírem nos caminhos/Ao sentimentalismo do sol poente/Nós dois iremos vagarosamente,/De braços dados, como dois velhinhos./E que dirá de nós toda essa gente,/Quando passarmos mudos e juntinhos?/ - ”Como se amaram esses coitadinhos!/Como ela vai, como ele vai contente!”.
Amores que duram a vida toda podem ser a continuidade de outras encarnações. Projetos de vida a dois que se cumprem por mais uma existência. Mas, cá para nós: poderá a vida se resumir numa existência a dois? Claro que não. Ela exige muito mais de cada um. É preciso evitar a solidão a dois para que cada ser cumpra sua tarefa em prol do serviço e do amor universais. Amor não pode se transformar em egoísmo, em prisão. Amar não é escravizar. É libertar. É respeitar a individualidade alheia e seu potencial de servir a humanidade.
Cada alma é uma individualidade. Um não é metade de outro. Há espíritos com profundos laços de afinidade que se reencontram em diferentes encarnações. Mas, um e outro são almas com um rol de tarefas a cumprir no Planeta. Nossos verdadeiros laços eternos são com o Universo e não com um ser em particular. Por mais que o amemos.
*Milton Rubens Medran Moreira é advogado, jornalista e Presidente do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre - RS

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